sábado, 31 de outubro de 2009

Aquele quarto estranho e nu...

A tentação era demasiada naquele quarto estranho e nu…

O ar escuro e gelado enfurecia os nossos desejos, a distância acumulada ardia debaixo da tez dos nossos corpos.

Os nossos peitos expunham-se, como uma maçã descascada, os nossos fôlegos diminuíam até só se ouvir o respirar.

Saboreava os teus lábios de mel, sentia os lençóis lavados confundir-se com a tua pele, misturava o meu corpo com o teu.

À medida que as peças de roupa iam caindo no chão, a chuva batia na janela, como que a querer escutar a cobra que envenenava o nosso sono.

As nossas mãos escreviam poemas proibidos em cima da mais perfeita tela, tentando ignorar os chamamentos que gritavam, vindos de algures.

A tentação era demasiada naquele quarto estranho e nu…

A chuva batia na janela…

Reflexos de sangue manchavam os nossos olhares…

Pintavam o nosso fado…

...

Os nossos lençóis…