A tentação era demasiada naquele quarto estranho e nu…
O ar escuro e gelado enfurecia os nossos desejos, a distância acumulada ardia debaixo da tez dos nossos corpos.
Os nossos peitos expunham-se, como uma maçã descascada, os nossos fôlegos diminuíam até só se ouvir o respirar.
Saboreava os teus lábios de mel, sentia os lençóis lavados confundir-se com a tua pele, misturava o meu corpo com o teu.
À medida que as peças de roupa iam caindo no chão, a chuva batia na janela, como que a querer escutar a cobra que envenenava o nosso sono.
As nossas mãos escreviam poemas proibidos em cima da mais perfeita tela, tentando ignorar os chamamentos que gritavam, vindos de algures.
A tentação era demasiada naquele quarto estranho e nu…
A chuva batia na janela…
Reflexos de sangue manchavam os nossos olhares…
Pintavam o nosso fado…
...
Os nossos lençóis…
sábado, 31 de outubro de 2009
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